Gravada em 1966, portanto dois anos após o golpe que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil, A BANDA, foi composta por Chico Buarque para o festival da música popular brasileira da TV Record e foi uma das campeãs daquele ano.
A poesia conta a história de uma alegre banda, que passa pela cidade cantando coisas de amor, e animando seus cidadãos. Mas ao fim da apresentação da banda, tudo tomou seu lugar, e cada qual no seu canto, e em cada canto uma dor, depois que a banda passou cantando coisas de amor.
Uma clara e irônica interpretação dos fatos, e das pessoas, que alegremente colaboraram e celebraram o golpe de 64, e posteriormente, foram perseguidos pela ditadura militar. Então aumenta o volume e se liga no Cola.
A Banda - Chico Buarque
Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida Despediu-se da dor Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou O faroleiro que contava vantagem parou A namorada que contava as estrelas Parou para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida Despediu-se da dor Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou A moça feia debruçou na janela Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu A Lua cheia que vivia escondida surgiu Minha cidade toda se enfeitou Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto O que era doce acabou Tudo tomou seu lugar Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto Em cada canto uma dor Depois da banda passar Cantando coisas de amor Depois da banda passar Cantando coisas de amor
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